Outubro Rosa – os homens também devem se cuidar.

Câncer de mama não escolhe sexo ou idade e o diagnóstico precoce salva a vida.

Relativamente raro entre homens e também antes dos 35 anos, o administrador de empresas jamais imaginou que poderia ter câncer de mama, ou mesmo fazer um exame preventivo

Rui Matos – DA REDAÇÃO

Outubro Rosa – os homens também devem se cuidar. Até a descoberta de um câncer na mama esquerda, o administrador de empresas César Pereira de Lima, 44 anos, levava uma vida sossegada. A rotina do trabalho não denunciava qualquer problema de saúde. Quanto ao sossego, César abre um riso largo para contar a sua experiência, ouvindo o canto de sabiás e joões-de-barro nas árvores próximas a casa dele, no bairro Santa Cruz, em Cuiabá. “Apesar do câncer, continuo levando uma vida sossegada”, afirmou, depois de passar uma das mãos na cicatriz da cirurgia que lhe amputou parte do corpo no dia sete de abril, num hospital da capital de Mato Grosso.

Apesar de a cicatriz estar também nas lembranças, bem humorado, César conta a sua história sem menosprezar o ‘Carcinoma Invasivo’, tipo de tumor que quase lhe tirou a vida caso não fosse descoberto precocemente. Agora ele faz parte do grupo de homens que representa 1% do total de casos da doença no Brasil. Cerca de 99% dos 60 mil novos casos de câncer de mama em 2016 vai acometer mulheres, segundo o Instituto Nacional do Câncer ‘José Alencar Gomes da Silva’, o INCA.

César Lima com a esposa Caren e os filhos João e Caio César, antes do diagnóstico de câncer

César conta que manteve a serenidade para que o mundo não desabasse, literalmente. “O impacto maior foi sentido por minha esposa, Caren Cristina. Eu não poderia perder o controle e ainda tinha que manter a doença em segredo, por enquanto, para o João Pedro e o Caio César, que é o mais velho, de 13 anos”. De olho no Google, ele foi pesquisando e passou a acreditar nas estatísticas. É que, na maioria dos casos, o Carcinoma Invasivo tem bom prognóstico, de acordo com levantamentos do INCA.

Uma varredura na vida foi inevitável a partir daquele momento. Exames e mais exames. Noites e dias sem dormir até compreender totalmente a doença que o destruía aos poucos. Alguns tipos de câncer de mama estão ligados a mutações hereditárias dos genes BRCA1 ou BRCA2. Normalmente, estes genes produzem proteínas que ajudam as células a reconhecer ou reparar os danos do DNA e impedi-las de crescer de forma anormal. Mas se uma pessoa herdou um gene mutante do pai ou da mãe, as chances de desenvolver câncer de mama são maiores. Provavelmente, César se encaixe nesta última hipótese.

Mudança de vida

Acreditando que nada acontece por acaso, César Lima experimentou o amargo da doença, mas, também, descobriu doçura na dor. “A mudança não foi apenas nos hábitos. Renasci e passei a enxergar a vida sob um prisma mais humilde. Vi que devemos viver de forma mais simples, porém feliz. Experimentar os prazeres com a família e, sobretudo, cuidar do lado espiritual”.

Acostumado a cálculos na vida profissional, o administrador de empresas também fez frações com o tempo, desde que descobriu a doença. “De 17 de março, quando feito o diagnóstico, a 18 de novembro, quando termino o tratamento quimioterápico, terão se passado nove meses. É o período de uma gestação”, observa, reforçando a tese do renascimento. “O mais intrigante é que faço aniversário no dia 23 de novembro. Tudo isso me fez mudar de rumo e de chão”, completou, sem largar o riso no rosto.

Atualmente afastado do trabalho, César faz terapia cuidando da área verde do bairro. “Retiramos oito caminhões de lixo e replantamos mudas de caju e árvores nativas que se juntaram às plantas adultas que cultivamos a mais de uma década”. Quanto à esposa, César se refere com carinho: “Ficamos mais unidos e passamos a nos ver de forma diferente”. Para os filhos, a mensagem não foi diferente: “Vou viver pelo menos até os 90 anos para brincar muitas vezes com meus filhos”. Aos amigos, ele mandou um recado: “Os homens precisam saber que o câncer de mama não é restrito apenas às mulheres. Senti a dor da mutilação e a sensação de estar prestes a perder a vida. Vamos olhar com mais carinho àquelas que estão no grupo dos 99%”.

Experiência compartilhada

No tratamento do câncer César Lima afirma ter descoberto o verdadeiro sentido da caridade. “Vi que ajudar pessoas requer doação”, revelou. Por conta disso, ele se juntou à esposa e aos filhos e criou um blog para compartilhar sua experiência e, ao mesmo tempo, estimular outros homens para que façam o exame preventivo de câncer de mama. “Muitas vezes só damos atenção ao câncer de próstata ou de pele, por falta de informação”.

No endereço www.cancer-de-mama-masculino.webnode.com, criado a menos de uma semana, a página já teve mais de seis mil acessos. Além de depoimentos, César pretende postar dicas saudáveis para a boa recuperação do paciente operado, sugestões para a prevenção e de quebra de paradigmas. “Ainda existe muito preconceito, no entanto, somos iguais. Homens e mulheres sujeitos a mesma dor. Amparados pelos amigos e pela família, não vamos nos sentir como em festa sem convidados. É vida que segue sem se preocupar se vamos viver ou morrer”, finalizou. Sabiás e joões-de-barro seguiram com a cantoria, despreocupados.

Acesse AQUI e visite o blog Câncer de Mama Masculino

Fonte: Portal Mato Grosso.

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